quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O valsar do meu amor secreto

(à doce bailarina dos meus sonhos...)


Se balouçarmos...
Bem devagarzinho
O velho embornal das lembranças...
Encontraremos mimos
De inenarrável ternura,
Como essas alegrias tantas:

Caminhadas noturnas
  (sob intensa garoa fria)
Sorrisos enamorados...
Suspiros de encantamento
Que ainda reluzem-me n´alma,
  (cativa de tua sedução esfuziante...ora!)
Lindas... promessas de amor,
Ah! Quantas não trocamos?!
Então, por essas e por tantas outras alegrias vividas,
Quem sabe não possamos voltar a bailar...
  (ainda que por instantes)
Naquele nosso secreto salão estrelado
De esperançosos sonhos...hein?!

Ah! Mas por favor,
Não te esqueças...(por motivo algum)
De vestir... calçar...colocar
  (Ah sei lá o quê!)
A tua sapatilhazinha bordada de ternura,
E de enfeitar-te...
Com todos aquel’outros apetrechos de vidrilhos reluzentes:
Tiaras... espartilhos... saias e saias sobrepostas...

Ah! Não te esqueças também de usar todos aquel’outros badulaques esvoaçantes
(perguntem o nome deles à Ana Botafogo, porque os desconheço!)
Para que possamos...
(num pas-de -deux  encantado)
Alçar um voo altivo, sereno...
A fim de irmos muito além  (al di lá)
Do fluxo e refluxo limitados
Da nossa imaginação efêmera... ora!   

Montes Claros(MG), 11-10-2013
RELMendes      

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Bochicho amoroso de sertanejo... safado!



Pó... deixá!
(Vô falá cum a muié!...)

Muié... Vem cá!
Ocê sabe que eu gosto
Muito docê né?!
E ocê sabe tamém
C´ocê é meu bem querer...
E qui eu sô sua......... paxão!
Entonce... vem cá!
Qui vó dizé uns versu... procê!

Assunta só:

Muié...
Vô apiá do lombo das mágoa...
Vô apiá da cacunda da tristeza...
Vô arreá minha esperança...
E dispois...
Vó balangá ocê
Nus braços da alegria...

Assunta só:

Muié...
Tenho cá cumigo
C´ocê nasceu pra mim...
E eu procê!
Entonce...
Vó levá ocê cumigo
Procê curiá o clariá do luá...
E quem sabé nóis tamém
Num dá conta
De pintá algumas istrelas
Na saia godê da noite vadia hein?!

Entonce...
Dispôis dessa façanha 
Nóis apanha um punhado delas
Pra alumiar o amô da gente,
E se sobrá algumas
Nóis enfeita de luz
Nossa árvore de Natá! 

Ah! Muié...
Quem sabe se agora...
Dispôis desse tantão de versu,
Nóis num pode inté fazer
Um tantão de salienças hein?!
E dispôis disso tudim...
Nóis toma um bão copo de apojo
Pra dá sustança a gente... ora!

Montes Claros (MG), 13-11-2013
RELMendes

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O motim das flores do meu jardim...

(qualquer coisa as alucina!)

Perturbadas... 
As florzinhas do meu jardim:
     (miosótis... violetas... rosas... margaridas... jasmins...)
Balbuciam!... Fuxicam!... Discutem!...
Suspiram... ais profundos!
E sussurram...se`s  intermináveis!...
O que lhes terá surrupiado a paz?
Por que se lamuriam tanto... entre  si?

Ah! Devem estar irrequietas...
Porque não as aguei ontem... ora!
(Penso eu!)
Ou então...
Porque o calor insuportável do sertão
As incomoda muito... ora!
(Imagino eu...cá com meus botões!)

Mas...
Ainda que enroscado em afazeres tantos,
Vou até lá... observá-las de soslaio,
E curiá-las atento...
Pra tentar escutar o que tanto balbuciam...
Ah se vou!...
Mas... que bagunça é essa... meu Deus?!...
Queixam-se de tudo:
De colibris sedentos...
De abelhinhas irrequietas a zunir...
De assanhaços saltitantes...
E até dos bem-te-vis
E dos sabiás cantadores!...

Então, pasmem!...
Ao perceberem-me...
(Porque frenéticos gorjeavam os pássaros...)
As flores disseram-me:
Só desejamos degustar uns pedacinhos
Daqueles “bolinhos de chuva”
Que acabas de fritar...
Porque o aroma deles está a nos ensandecer!...    

Ora direis: DU...VI...DÊ...Ó...DÓ!  
Mas que sandice é essa?...
Flores não falam!
E eu vos direi, no entanto,
Que as flores conversam... 
Ah se conversam!...
(Sobretudo as do meu jardim!)

Montes Claros (MG), 08-11-2013
RELMendes