(no
dia 13/03/2021)
Segundo fragmento:
-Quem diria que estou prestes a chegar aos 80 anos Se,por
muitas vezes, estive dependurado na taba da berada? Contar-lhes-ei
mais alguns dos porquês dessa admiração: - Na adolescência, parafraseando
o poeta amado,Mario Quintana,eu morava em mim mesmo, aliás sempre ,morei em mim
mesmo (desde que me entendo por gente) com minhas saudades, meus
sonhos,com o apito diário do trem a vapor (da velha MOGIANA) a avisar-me
sua partida... ou da sua chegada àquela estação do povoado onde
morava(Conquista MG) (pura
melancolia, misericórdia!)
-E, porquanto, o anelo imensurável de mandar-me daquela
aldeiota... além de aumentar em mim, desmedidamente, estrebuchava,
também, no imo de mim, (em meu Castelo Interior, como diria Sta
Teresa D’Avila, a maior escritora da Renascença) a sussurrar-me,
insistentemente, aos meus ouvidos : - Rapaz, vá-se embora em busca de teus
sonhos, ora! Mas cá pra nós, só a partir de meus 14anos, comecei a dar
minhas escapadelas,ás escondidas de meu pai, e sem suas
expensas... (Concedidas, raramente, mas sempre com muita ojeriza e
sovines )
Então, em segredo, fui embrulhar balinhas numa fabriqueta,
pra amealhar uns trocados, a fim de poder picar a mula dali, quando em
férias escolares. Enfim, florescia-me em espertezas, a cada viagem que
empreendia, sorrateiramente, á época: - aprendi a pegar carona sem
medo, estrada afora; - fazia cara de cachorro faminto, pra angariar
um prato de comida de alguma alma generosa pelas estradas; - assim, fui ao Rio
(RJ) muitas vezes, e á Sampa, inúmeras, (casas das titias)... Acredita que eu
estava lá em Sampa, quando de seu quarto centenário? Pois tava!
-Mas só debandaria, mundo afora, definitivamente, após a
conclusão do curso cientifico ( como, á época, era chamado o segundo
grau.) Como sempre morei em mim mesmo, tinha por hábito fazer de um
tudo e, ,porquanto,nunca furtei-me - como visita - em ser muito útil
e,sobretudo proativo em auxiliar meus hospedeiros:
- cozinhava;-
lavava roupa;- faxinava a casa ou apartamento, e por ai vai...
-Sabe por quê? Porque tem gente que se hospeda na casa
dos outros, e não lava sequer o copo d’água, em que bebeu! Ora,
quando assim nos comportamos na casa dos outros,tenham por certo que
passaremos,a partir de então, a ser, em qualquer abrigo, “Personas non gratae”,
claro! Esses que se arranchem lá na casa da puta que os pariu, pô!
-Bom, nesse mundo de hoje, onde a porteira do sexo se
escancarou, É mais que óbvio que me questionem acerca de meus amores
desse meu então, por demais curioso, que agora estou a narrar-lhes,né não? Claro,
tive muito amores! Lembro-me, perfeitamente, do nome de todos eles ainda hoje:
- “Marilia”...não a de Dirceu, mas a minha; - “Ana Flávia”, minha doce
sanfoneirinha; e por aí vai... Gente, pra se roubar um beijinho da
namorada, á época, era uma façanha mais difícil que marcar um gol de
placa em decisão de final de copa de futebol entre “Cruzeiro X Atlético”(MG).
Mas se conseguia, sim!
E quando se
obtinha êxito em tamanha façanha, com licença da palavra, a gente ia
embora cambaleando de prazer, que nem um pato (ave) após copular com a
pata (ave) no terreiro de um quintal qualquer. Já viram isto? Quando não
tínhamos êxito, lá íamos nós pras casas da “luzvermelhas”! Era algo cultural,
próprio do machismo da época! Os pais incentivavam-nos a frequentá-las com
muita assiduidade... Pois não queriam que seus filhos
se“abaitolassem” ( enviadassem)... e, no mínimo, fossem chamados, na
aldeia, de maricas, e outros bullyings corriqueiros da época. Coisa,
lamentavelmente, ainda muito em voga hoje em dia! “Eta qui
quá!! Mas sobrevivi!”
RELMendes – 14/02/2021