quarta-feira, 29 de agosto de 2012

No meu jardim flor tem nome de mulher!...



Ó valha-me Deus
Valha-me Nosso Senhor!...

Ah! Não te assuleres tanto!
Se o jardim é meu...
Dou às flores o nome
Que eu bem quiser!...
  
Na eternidade...
Conto com santas mulheres:
- Maria, a Theotokos...
que como filho me adotou,
- Rita, que...nas aflições,
sempre me socorreu...
- Lindalva...a beata mártir nordestina,
Que pela coragem me fascina...
- Alexandrina e Zeneida,
Que no colo me embalaram
E...com muito carinho,
Nele me acalentaram...

Ó valha-me Deus,
Valha-me Nosso Senhor!...

Ah, não te assuleres tanto!
Se o jardim é meu...
Dou às flores o nome
Que eu bem quiser!...

Em minha desvairada juventude,
Outras belas mulheres se instalaram
No meu vadio e inconstante peito:
Claro, cada uma a seu modo...
Cada uma do seu jeito!...

- Lúcia, Mariá e Camila
Foram três paixões...inflamadas,
Três paixões...desordenadas,
Mas todas...tenham por certo,
Valeram à pena
 E foram intensamente vividas!...

- Zélia, Vanda e Ita
Fizeram-se robustos suportes
De minha suposta fortaleza...
Porque me acolheram
Com ternura bondade
E singular firmeza...
Bem como me ensinaram que:
“Quando se cai...          
A gente levanta
Sacode a poeira
E dá a volta por cima”...
Pois a vida é um dom a ser vivido,
E viver é bom demais da conta!

Ó valha-me Deus,
Valha-me Nosso Senhor!...

Ah, não te assuleres tanto!
Se o jardim é meu...
Dou às flores o nome
Que eu bem quiser!...
  
Já na varanda de minha velhice...
- Angélica, Tânia Raquel, Dena,
- Letícia, Lígia, Liege e Maria Luiza...
Todas essas belas flores-mulher
Muito me inspiraram...
Pra que eu pudesse bordar
Versos...
Cheinhos de gentileza...
E de belezura repletos!...

Ó valha-me Deus,
Valha-me Nosso Senhor!...

Pronto! Bem que eu te disse:
Não te assuleres tanto...
Pois sendo meu o jardim,
Dei às flores o nome
Que eu bem entendi!

Montes Claros(MG), 31-05-2011
RELMendes



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Chuvas de primavera




Sequiosa e no cio...
A terra ressequida do cerrado
Espera ansiosa
As chuvas de primavera
Que às vezes chegam copiosas
Para encharcar o chão sedento,
Que as acolhe ávido e feliz.

Tal qual moça fértil
O cerrado absorve sequioso
O sêmen d’água do céu despejado
Para saciar-lhe a libido efervescente,
Porque quer parir frutos gostosos,
E fecundar ligeiro
As recatadas sementes de flores rústicas
Que anelam o desabrochar célere  
De todo o seu encantamento...
Embora ainda escondidas no útero da terra.

A vislumbrar surpreendido
A delicadeza de tamanho encantamento,
Extasiado percebo:
Que flores rústicas enfeitam,
Que frutos grosseiros
Lambuzando saciam...
Que chuvas de primavera
Emprenham o cerrado,
E que depois
Tudo se faz poesia...        


Montes Claros(MG), 08-12-2011
RELMendes