segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Eco do Silêncio Interior




-Eu quero o eco do silêncio interior!

-Questionei-me então a mim mesmo:

-Mas que eco do silêncio é esse
Que tanto apetece-me à alma
Que de ledo peregrino tenho?

-Disse-me então a mim mesmo:
O eco do silêncio interior...ora!

-Mas a troco de quê
E como sem dor e nem medo
Hei de obter esse tal eco do silêncio
Para ouvi-lo e degustá-lo melhor?...

-Eu quero o eco do silêncio interior!

-Ora!... Esse eco do silêncio interior
Tão-somente ressoa ou ecoa
No imo de mim ou no imo de ti
Se a cada um de nós...individualmente,
Aprouver ouví-lo ecoar
As muitas verdades
Sobre aquilo que somos
E que em nós as bem escondemos
Até de nós mesmos enfim
   
-Eu quero o eco do silêncio interior!

-Ah! Esse eco do silêncio silente
Que sereniza ou acelera
A já veloz cadência de tudo
Que dentro de mim
Fremente clama:
Mágoas de mim...
Pelos beijos que não roubei
Ressentimentos de mim...
Pelos versos que não escrevi
Raiva de mim
Pelos sonhos e sonhos
Que não sonhei brincando
Como criança feliz
E pelos tantos desejos
Que não os debulhei
Na hora em que os deveria
Debulhar e debulhar etc etc

-Eis ai o porquê
Eu quero o eco do silêncio interior
Pois esses curiosos adereços mentais
Eu de há muito os tenho
E bem os escondo no imo de mim
Entretanto se eu o permitir
O eco do silêncio interior os desnuda
Despudoradamente sem pena nem dó
E isso me parece muito bom
Para que eu possa saber
Quem verdadeiramente sou

-Eu quero o eco do silêncio interior!
  
-Por fim... eu quero porque quero
O eco do silêncio interior...
Quer a troco da serenidade
Que a mim e a todos encanta
Quer a troco da turbulência
Do encontro de mim comigo mesmo
Quer quem sabe ainda
A troco tão-somente de saciar-me
A apetência de ouvir
Ainda que por instantes
Esse tão divino e curioso silêncio
Que embora silente balbucia
Coisas e mais coisas
De mim e sobre mim...ora!  

-Ah!... Eu quero o eco do silêncio interior!

Montes Claros (MG), 20-04-2013

RELMendes

Um comentário:

  1. Nunca ouvi silêncio mais gritante e tocante quanto o seu!! Silêncio de sentimentos que conta dores e sonhos secretos! Silêncio de súbita serenidade, no encontro inesperado com a Paz e com o Pai, aqui, na terra dos vivos, onde há de habitar mais tempo - Ele, que é Mais, é Pai, há de querer e dizer!! - do que supõe a sua não vã, mas divina poesia ou filosofia! Grite sempre o seu silêncio, poeta amigo, na alma escondido, para nos fazer, quem sabe, abrir também, em repentino grito, o silêncio nosso de cada dia, vezes preso em meio às pedras de tropeço!!
    Beijo grande no coração!
    Raquel Mendonça.
    29.05.2013

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