quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Súplica de sertanejo sedento




-Chove chuva almejada...
Chove sem parar
Ah! Se puder bem devagarinho
Que nem leite de peito de mãe
A alimentar recém nascido faminto.

-Chove chuva anelada
Chove sem parar
Se puder bem devagarinho.
Mas que sejas persistente...
Constante e duradoura.
Se possível que nem lágrimas
De mulher abandonada
Ou que nem queixumes
De homem traído.

-Chove chuva benfazeja
Chove sem parar
Mas se puder
Que seja bem de vagarinho...
 E sempre a contento
Ou então que seja mesmo do jeito
Que ao dono do tempo bem aprouver.

-Chove chuva plantadora
Chove sem parar
Tomara que não sejas tão assustadora
Do jeito que conhecemos:
Com urros de trovões ouriçados...
Com relâmpagos reluzentes...
Com raios de neon a pipocar
Por todo lado
Com ventos barulhentos a assoviarem
Por todo canto
Fazendo muito medo a gente.

-Mas...Chove chuva benfazeja,
Chove chuva almejada
Porquanto quero sentir
Aquele cheirinho gostoso
Que exala da terra molhada.
Porque quero ouvir o barulhinho
Dos pingos d’água
A tilintarem no telhado seco da casa
E no telhado ávido d`alma sertaneja.

-Chove chuva gostosa...
Chove chuva vadia
Que fecunda a terra no cio
E que também fecunda o coração
Esperançoso do sertanejo
Que só de pensá nocê
Chove chuva,
Se lambuza todinho...
De alegria verdinha verdinha.


Montes Claros(MG)- 30-09-2013

RELMendes

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