-Ah!
Quanta vez na madruga...
A
chamar-me...os ventos
Assoviam-me
n’alma:
-Saudades
dos bogarims
Que
perfumavam as ruas
Da
minha infância...
Tão
cheia de detalhes!
-Ah!
Quanta vez na madrugada
A
chamar-me...os ventos
Assoviam-me
n’alma:
-Saudades
dos cheirinhos
Que
minha mãe dava
Em
meu cangote...
Quando
eu a aporrinhava
Com
meus calundus
De
criança mimada...
-Ah!
Quanta vez na madrugada
A
chamar-me...os ventos
Assoviam-me
n’alma:
-Saudades
dos meus passeios
De
bicicleta...ao entardecer,
Pra
conversar com os passarinhos
Vez
que meu pai não nos permitia
Tê-los
engaiolados em casa...
Para
ele os passarinhos nasceram
Pra
voar a céu aberto sem fim...
-Ah!
Quanta vez na madrugada
A
chamar-me...os ventos
Assoviam-me
n’alma:
-Saudades
de tantas outras coisas
Que não sei bem o quê...
Quiçá,já
as tenha por esquecidas,
E
nem os seus porquês...
Eu
bem os sei tampouco
Mas
ah pretendo sabê-los
O
mais rápido possível...
Porquanto,
inundam-me a alma alheia
Ah,
Se pretendo!
E...bem
antes de eu partir
Lá
pras bandas do céu... Viu?
Porque...comigo,
ah, só levarei...
Sem
choramingas alguma
Aromas
suaves do que não esqueci
Lá
do meu pretérito de criança:
-Quiçá,
saudades de mim mesmo...
Quando
me derramava...menino bagunceiro,
Pelos
quintais floridos da infância...
-Quiçá,
saudades do que em mim eu não fui...
Porque
enfim eu desejara...tanto, mas tanto, mesmo:
Ser
ah como um bem-te-vi laranjeira a anunciar
Em
meu terreiro, alvoreceres eternos...
Como
diz Manoel de Barros:
-
“E isso explica o resto.”
Montes
Claros (MG), 21/05/2016
RELMendes)
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