sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Parusias do Amor de Deus!



     Encontrei-me com “Ele” pelas 
      quebradas da vida! 

Este meu jargão remete-me às inúmeras vezes que tive a oportunidade de encontrar-me com o Senhor em minhas muitas andanças. Não por que seja melhor que ninguém. Mas sim porque, mesmo sendo, daqueles que pela terra perambulam, o mais abusado de todos os contraventores de seus preceitos divinos, a Ele ainda apraz visitar-me pra guiar meus passos pelas veredas da justiça. Então, feliz, dou-lhe graças, porque eterna é a sua misericordia.

Todos nós, sem exceção alguma, temos os nossos caminhos de “Emaus e as nossas estradas de Damasco”... Quer sejamos santos (Kadosh), quer pecadores de quaisquer espécie (aqueles que se subjugam aos caprichos de seus próprios instintos) e, sobretudo, quer aquel´outros...os marginalizados das periferias da humanidade com os quais o próprio “Jesus” se identifica tão explicitamente: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então, vinde a mim.” Como se pode observar, o Senhor Jesus não é preconceituoso ( acolheu a samaritana, a cananeia, a adúltera, o centurião romano, Zaqueu, Levi, Judas Escariotes, etc etc). Para mim o Senhor Yechuá (JESUS, em aramaico) é a face humana de nosso “Papaizinho do Céu”  ( Aba).
Assim é...porque embora o Senhor (Yhwh) abomine o “pecado” (– fonte da morte -), Ele ama o pecador. A prova disto é nos ter dado seu único Filho para nos resgatar do pecado (Aversio a Deo). Vide Jesus a pender na “Cruz do calvário”!

Portanto... afirmo com segurança que Ele, o Pai, nos ama a todos e por isto sempre está em nosso encalço. Claro...pra nos seduzir e salvar com sua misericórdia, que para mim esplende na pessoa de “Jesus”, o filho do “Homem”.

       Agora, vamos abrir o baú de nossas lembranças. Tentemos nos recordar dos tantos encontros que todos tivemos com o Senhor. Penso que desde a nossa concepção Deus se achega a nós para nos “tecer no útero materno”. Sendo Ele o “Artesão Divino” de todos nós, está sempre a nosso lado pra cuidar de nós como pertença sua.
“Ele” palmilha, lado a lado conosco, as trilhas que vamos percorrendo ao longo da vida e vai “nos instruindo e nos ensinando os caminhos que devemos percorrer”. Repito: Ele está sempre a nosso lado. Às vezes tão sutilmente que nem percebemos sua proximidade. Isto para que não nos inibamos ou fiquemos tão extasiados em sua divina presença, a ponto de não conseguirmos fazer mais nada, senão contempla-lO... E se assim for, quem levará sua mensagem de boas novas pelo mundo afora? Se ficarmos só extasiados em face de tamanho encantamento, quem evangelizará o mundo? Embora de nada valha o meu achismo, penso que devemos equilibrar a proatividade de “Marta” com a serenidade contemplativa de “Maria”que tanto encantou a “Jesus”. Elas eram irmãs de Lázaro, aquele que Jesus ressuscitou após três dias de morto lá em “Betânia”.
Contudo, atentem para não se esquecer jamais de estar sempre aos pés do Senhor, porque lá é que se apreende, abundantemente, seus divinos e eternos ensinamentos sobre as “Coisas do Alto”.
Vez por outra, mas só vez por outra, o Senhor se faz tão acintosamente presente, que nos surpreende a nos chamar pelo nome no jardim de nossa displicência:
- Fulano, fulano,você está ai? Isto costuma ocorrer sempre que nos deixamos conduzir só pelos ímpetos de nossa condição adâmica, vez que tal atitude nos embrenha, inevitavelmente, nas encruzilhadas ardilosas da vida humana que, quase sempre, são de difícil saída.
Então, ali, no imo de nós, O questionamos: - Senhor, eis me aqui, por que procuras-me? E “Ele” em sua infinita  e “eterna misericórdia” nos responderá: - Porque simplesmente “És a pupila de meus olhos” e não há como esquecer-te, vez que “te tatuei na palma de minha mão”.
Tudo isto costuma acontecer no imo de nós mesmos, templo do Espírito Santo, de uma maneira surpreendentemente simples. É como se o imo de nós mesmos fosse o caminho de Emaus ou a estrada de Damasco, e nós estivéssemos a percorrê-lo desiludidos e desencantados com as inúmeras agruras do cotidiano. Mas, inesperadamente, “Ele” se desnuda através de uma encantadora epifania  ou teofania esplendida. E ai, então, saboreamos uma alegria e uma felicidade de inenarrável ternura. A felicidade e a alegria são tamanhas que desejamos compartilha-las com todas as pessoas. Embora, na verdade, as vezes nos sintamos tentados a permanecer ali, egoisticamente, com o nosso inenarrável tesouro espiritual.
Mas... se procede verdadeiramente de Deus essa “parusia”- manifestação gloriosa do Senhor em nosso interior -,
certamente retomaremos o caminho da generosa partilha, com todos, do real motivo de nossa imensa e intensa alegria: -Encontrei-me com o Senhor!
Tenho por certo que  a constatação da boa procedência de tamanha alegria se confirmará nessa nossa disposição de partilhá-la com todos os irmãos. Só assim seremos mensageiros dessa boa nova. Esse momento da partilha é muito gratificante porque proclamaremos que “Ele” nos seduziu e nós nos deixamos seduzir, já que o Senhor nos ama e não desiste jamais de nós. “Deus é fiel”!
Contudo, é bom que se diga que essas epifanias são muito mais raras que os célebres e demorados “Silêncios de Deus”.
Então...SHALOM!

Montes Claros (MG), 14-09-2014       
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Os Silêncios de Deus!



O que seriam e quando ocorrem enfim?


Segundo os meus achismos místicos, os “Silêncios de Deus” são as ausências de seus divinos sussurros ao imo de  nós. Ora, se aos ouvidos de noss’alma se negam a rumorejar contumazes esses inenarráveis mimos espirituais, perdemos a referência da divina presença de Deus em nós, afirmam os sabedores do assunto.
Segundo eles, esses famosos “Silêncios de Deus” costumam ocorrer ao término de uma inesquecível epifania, que tanto lhes inebriou de encantamento, e far-se-ão perdurar até o eclodir de outra, que ora é tão, ansiosamente, anelada, por motivos óbvios a quem já degustou alguma.
Ah! Eles esperam que est’outra sobrevenha-lhes, imediatamente, visto que já sabem o sabor que elas têm. E, portanto, põem-se a clamar incessantemente :
“Marana tá... Marana tá”! (Vem...Senhor Jesus!)

Esse tempo de “Silêncios de Deus” é um período de intensa expectativa emocional e espiritual. O qual, afirmam os doutos no assunto, poderá nos ser muito útil, ou não, à nossa vida espiritual. Por exemplo, ser-nos-á útil para burilarmos a nossa paciência; para cultivarmos a fé – certeza das coisas que ainda não vemos - ; para adubarmos o canteiro do coração com muita esperança e bastante certeza do retorno iminente do “Amado” de noss´alma a qualquer momento, etc etc...
Ou, então, por ser um período de muita aridez espiritual, conhecido, também, por “noite escura d’alma”- porque sem sensação alguma de prazer espiritual – nele não haverá nem brilho de estrelas da esperança, nem aconchego do clarão do olhar enluarado do “Criador”, e nem tampouco o consolo advindo das coisas corriqueiras do cotidiano, que tanto alumbra-nos o dia a dia, será capaz de nos acalentar enfim.
Daí, tudo tender a conduzir-nos – nós presas fáceis de nossas fragilidades humanas - a um perigoso desanimo e a um total desencanto, quase que incontroláveis, que, indubitavelmente, impulsionar-nos-ão a um estado de melancolia tal, que nós nos poremos a vadiar por esse mundaréu afora em busca ilusões tantas, tal qual o fizeram as virgens imprudentes da parábola evangélica.

Dizem, também, que pra se superar tamanha aridez espiritual -  que “dá um vazio no peito, uma coisa ruim” - há que se recorrer, constantemente, ao auxílio divino, a fim de que nos conceda a graça da perseverança e da persistência para que não desistamos do porvir glorioso prometido pela “Palavra”:
“mas, como está escrito: nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” (1Cor 2:9)
Ah! Eu não seria eu, se não concluísse a abordagem desse assunto tão delicado da vida mística, sem uma oração singela de minha própria autoria:
Ah! Quem dera fosse eu, ò Senhor amado, um daqueles que por TI seduzido, se deixasse seduzir a tal ponto que pelos desvãos d’alma me pusesse a clamar pelo retorno imediato de teus divinos sussurros, já que saudoso de TI, cá na terra, por decerto, quedar-me-ia em ansiedades tantas pela tua aparente ausência. Só aparente ausência, ora pois, vez que em tua palavra confio: - “Estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.”
“MARANA TÁ...MARANA TÁ”!

Montes Claros (MG), 25-09-2014
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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Balbucios silvestres... Entre mim e um canarinho



-Logo ao alvorecer...
O sol se debruçou à minha janela
E um canarinho... a solfejar,
Disse-me em alto e bom som:
Não é de bom alvitre
Despertar...tão cedo,
Sejas tu...quem quer que sejas,
Antes de eu me pôr a cantar...ora!

-E prá espanto meu...
O encantador canarinho da terra
Prossegui balbuciando despautérios
Que me deixaram boquiaberto:
Mas... já que o sol
Antecipou-se a mim
Em tamanha façanha...de acordar-te,
E como...por  ironia do destino,
Tu és... de há muito, 
Meu bem-querer...
Enciumadíssimo,  
Revolvi então dar-me a mim mesmo
O inebriante desfrute
De amanhecer-te...totalmente,
Ao som inebriante de meus gorjeios...
Com todos os meus si’s
E um tantão de bemóis:
-Apaixonados...e apaixonantes!
-Tens algo contra?

Montes Claros (MG), 29-09-2014

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