O que seriam e quando ocorrem enfim?
Segundo os
meus achismos místicos, os “Silêncios de Deus” são as ausências de seus divinos
sussurros ao imo de nós. Ora, se aos ouvidos de noss’alma se negam a
rumorejar contumazes esses inenarráveis mimos espirituais, perdemos a
referência da divina presença de Deus em nós, afirmam os sabedores do assunto.
Segundo eles,
esses famosos “Silêncios de Deus” costumam ocorrer ao término de uma
inesquecível epifania, que tanto lhes inebriou de encantamento, e far-se-ão
perdurar até o eclodir de outra, que ora é tão, ansiosamente, anelada, por
motivos óbvios a quem já degustou alguma.
Ah! Eles
esperam que est’outra sobrevenha-lhes, imediatamente, visto que já sabem o
sabor que elas têm. E, portanto, põem-se a clamar incessantemente :
“Marana tá...
Marana tá”! (Vem...Senhor Jesus!)
Esse tempo de
“Silêncios de Deus” é um período de intensa expectativa emocional e espiritual.
O qual, afirmam os doutos no assunto, poderá nos ser muito útil, ou não, à
nossa vida espiritual. Por exemplo, ser-nos-á útil para burilarmos a nossa
paciência; para cultivarmos a fé – certeza das coisas que ainda não vemos - ;
para adubarmos o canteiro do coração com muita esperança e bastante certeza do
retorno iminente do “Amado” de noss´alma a qualquer momento, etc etc...
Ou, então, por
ser um período de muita aridez espiritual, conhecido, também, por “noite escura
d’alma”- porque sem sensação alguma de prazer espiritual – nele não haverá nem
brilho de estrelas da esperança, nem aconchego do clarão do olhar enluarado do
“Criador”, e nem tampouco o consolo advindo das coisas corriqueiras do
cotidiano, que tanto alumbra-nos o dia a dia, será capaz de nos acalentar enfim.
Daí, tudo
tender a conduzir-nos – nós presas fáceis de nossas fragilidades humanas - a um
perigoso desanimo e a um total desencanto, quase que incontroláveis, que,
indubitavelmente, impulsionar-nos-ão a um estado de melancolia tal, que nós nos
poremos a vadiar por esse mundaréu afora em busca ilusões tantas, tal qual o
fizeram as virgens imprudentes da parábola evangélica.
Dizem, também,
que pra se superar tamanha aridez espiritual - que “dá um vazio no peito,
uma coisa ruim” - há que se recorrer, constantemente, ao auxílio divino, a fim
de que nos conceda a graça da perseverança e da persistência para que não
desistamos do porvir glorioso prometido pela “Palavra”:
“mas, como
está escrito: nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” (1Cor 2:9)
Ah! Eu não
seria eu, se não concluísse a abordagem desse assunto tão delicado da vida
mística, sem uma oração singela de minha própria autoria:
Ah! Quem dera
fosse eu, ò Senhor amado, um daqueles que por TI seduzido, se deixasse seduzir
a tal ponto que pelos desvãos d’alma me pusesse a clamar pelo retorno imediato
de teus divinos sussurros, já que saudoso de TI, cá na terra, por decerto,
quedar-me-ia em ansiedades tantas pela tua aparente ausência. Só aparente
ausência, ora pois, vez que em tua palavra confio: - “Estarei convosco todos os
dias até a consumação dos séculos.”
“MARANA
TÁ...MARANA TÁ”!
Montes Claros
(MG), 25-09-2014
RELMendes
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