domingo, 24 de julho de 2016

A DESPEITO DA FALTA DE ASSUNTO



-Às vezes...no passo a passo dos dias,
Perco-me em vazios tamanhos...
Que até a língua esse órgãozinho...insensato,
Ora bendito...porquanto abençoador,
Ora maldito...porquanto maldizente,
Aquieta-se mercê do nada em mim...
Pois nos desvãos dos desejos de minh’alma
Sedenta de teus gemidos de prazer
Nada nesse exato agora se alberga
De útil ou de inútil,
Que a possa fazer tremular...à beça,
Quer em bênçãos ou maledicências,
Já que em mim neste então...
Nada palpita...fremente, senão desejos...
Senão um coração...carente de tuas ausências
De teus chamegos de teus afagos indecentes
E totalmente desprovido...no momento,
De violino fagote trombone saxofone
Gaita ou quaisquer outros
Instrumentos musicais...
E a caminhar sem chão...quero-te!

-Mas se quiseres...enluaro-me, apenas!

-Ah! Pra te dá prazer não me delimitarei
Por nada desse mundo:

-Finjo até que estou alegre...tão-somente,
Mas quero-te agora!
-Faço como os passarinhos...
Reamanheço-me...cantando,
Mas quero-te agora!
-Toco qualquer bandolim ou algo do gênero,
Quem sabe um clarinete ou um flautim?
Mas quero-te agora!
-Faço aragem no céu dos céus...
Em busca de um punhadinho de estrelas
Para enfeitar-te os belos cabelos encaracolados
Totalmente embaraçados ao vento...

-Mas se quiseres...enluaro-me, apenas!

-E por fim de peito aberto rasgado lavado
Tirarei dele modinhas trovinhas algo assim
E as balbuciarei aos teus ouvidos sedentos
De palavras banais ou sussurros salientes...
Acariciar-te-ei muito...lambuzando-te
Com a ponta da língua...salivando,
O pescoço o ventre as orelhas arrepiados
Enquanto a estrebuchar ensandecido de amor
Na relva no jardim na cama ou detrás dos muros...
Urro gemo estremeço-me de calafrios suspiro
E...desleixadamente, encho-me de eternidades...

-Mas se quiseres...enluaro-me, apenas!

Montes Claros (MG) 24/07/2016

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