quarta-feira, 20 de julho de 2016

A tramóia de um beija-flor safadinho... Mas até os beija-flores?

Apenas uma estorinha de nada...ora!

-Só pode entender
O que balbucio...cá comigo,
-Quem que...como eu,
É abelhudo...curioso e intrometido,
-Quem que...como eu,
For capaz de perder...tempo
Em bisbilhotar...por horas a fio,
Sem olhar no relógio...sequer,
Só pra ficar curiando...
No que possa estar ocorrendo,
Bem ali, em seu jardinzinho florido...

-Veja só, o que, não raramente, tenho visto e ouvido
em meu jardinzinho lá no fundo do quintal:

 - Ainda outro dia mesmo...
Sem ser percebido...de forma alguma,
Vi...com os olhos d’alma sem véus algum...
E juro que, também, ouvi...com minhas orelhas de abano,
E com os tímpanos do meu coração sensível...
Um tal beija-florzinho brejeiro...bem safadinho,
Que - Em se sentindo mesmo o tal,
Porquanto belo e ternuroso -
Dava-se ao luxo de abarrotar...
Com seus lenga-lengas ternurosos,
As orelhinhas das florzinhas do meu jardinzinho,
Dizendo-lhes a cantar...
Enquanto saboreava-lhes o mel vital:

-Ó...encantadoras florzinhas cheirosinhas...
Desculpem-me, mas, estou invadindo
O vosso espaço existencial...
Pois, como eu não sou daqui,
Nem dali...e nem tampouco
De lá acolá...
Então, tenho por conta, cá comigo mesmo,
Que sou de todos os jardinzinhos do mundo
Aonde eu as possa encontrar...ora!

- Irrequieto, ansioso e veloz...
Ele...o beija-florzinho safadinho,
Pensou consigo mesmo:
Ah! Se essas florzinhas docinhas e cheirosinhas...
Caírem no nesse meu blá...blá...blá,
Ou minha lábia de cameló sedutor...
Ai ai ai...minha tramóia, então, dará certinho...
E aí, então: - Eu creu...no mel delas!

-Sem hesitar, ele, o beija-florzinho safadinho...
Para tão-somente entreter, distrair e impressionar
As cheirosíssimas  florzinhas docinhas,
- Enquanto, sugava-lhes o mel vital -
Forjou alguns rodopios mirabolantes...
Tentou até solfejar alguns bemóis maviosos
Com seu canto quase inaudível de duplo som,
Arrancou penas de suas asas esvoaçantes
Ao voar e voar tão rapidamente...
E fez mais o diabo a quatro pra seduzi-las enfim...

-Perguntei-lhe então:

-Mas... Senão havia outro interesse...
Que não o de surrupiar o mel vital das florzinhas,
Por que, então, tanto atabalhoamento...
Oh, seu beija-flor abelhudo?

-Então, ele empurrou-me essa resposta aqui:

-Ah, simplesmente, porque eu não queria
Despedaçar-lhes os coraçõesinhos perfumosos...
Ao revelar-lhes que meu único desejo era, tão-somente,
O de surrupiar-lhes o saboroso mel...e nada mais!

- Pois é!...  Pensando bem...não fora de toda vã essa parafernália
De performances beija-florzeiras...porque:

Ah! Elas...as florzinhas, enamoradíssimas,
Rindo-se de dentro pra fora...
Exalaram-se em perfumes...de todos os aromas,
E perderam-se em estado de poesia...viu só?!

Montes Claros (MG) 20/07/2016

RELMendes(Romildo E L Mendes)

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