O sussurro do alvorecer
Faz-se poeticamente
escutar...
Ao pressentir os primeiros
raios de sol...
Que ameaçando rasgar o
firmamento...
Irão apagar as estrelas.
Estrelas...
Candelabros à noite acesos
Para pontilhar de luz a
escuridão noturna
Que o peregrino extasiado
Insiste em contemplar
Mais um pouco ainda...
Então...
Prorrompe o sussurro do
alvorecer
Impondo o limiar de um
novo dia...
Anunciado pelo orquestrar de vozes de animais:
Soa o cacarejar, paulatino
e impertinente, do galo...
Multiplica-se o pipilar de
pardais irrequietos...
Zune compassado...
O chilrear de periquitos...
A esvoaçar sincronizados,
No horizonte sem fim...
Intensifica-se o guinchar
dos suínos famintos...
E o mugir melancólico dos
bovídeos...
E de imediato,
Cessa o coaxar dos sapos,
Que resilientes, se
ocultam...
No sombreado de grossas
folhas sobrepostas,
Ou seja, nas hastes das
multicoloridas bromélias...
Transbordantes de sereno
recolhido.
O sol abusado...
Ao clarear o horizonte
infinito...
Forçou a partir a
noite
Que ao fugir...
Abandonou nas pontas do
verde capim
Minúsculas gotas
brilhantes de orvalho...
Talvez lágrimas
transparentes de sereno...
Ou apenas rastros
delicados
De quem, de súbito,
Forçada teve que se
retirar
Mesmo sem desejar partir...
Agora instalado o dia...
Debruço-me nas asas da
imaginação...
E deixo-me palmilhar
trilhas iluminadas...
Por entre touceiras de
girassóis...
Dourados e dourantes,
Que balouçam desconjuntados
Ao sopro da frígida brisa
matinal....
Montes Claros(MG),
15-09-2011
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