segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Filigranas Cênicas



(Reflexões de um homem de Teatro)


-Então /vamos lá ver...
O que tenho a lhes dizer!

-O que será que seria fazer Teatro?

-Ah! Fazer Teatro/pra mim/ é a arte de rebordar/
No palco/lindos momentos da vida/ despercebidos/
Que nem a própria vida /por isso ou aquilo/
Não se importou ou não se apercebeu/ por descuido/
Em fazê-los /tão belos/tão significativamente/mimosos/
Quanto/ na realidade/ o são/ verdadeiramente!
Portanto... caberá  ao Teatro/e a seus atores e atrizes/
Tão delicada tarefa de os fazer aflorar/à beça!

-Por que um texto/ literário/
É tão importante para o Teatro?

-Ah! Responder-lhes-ei agorinha/ mesmo!
Creio eu que quem ler /o texto abaixo/
Obterá/quiçá/ imediatamente/ a resposta desejada.

-“O Teatro e o texto
São parceiros inseparáveis”

-De repente/ literalmente/ de repente/
- Sabe-se lá bem /o porquê/
Quiçá/ por isso e aquilo/ ou aquil’outro/ -
Em mãos/do homem de Teatro/ chega-lhe um texto..
Texto este que/ de há tempos/ ele o procura/o deseja/
E /ansiosamente/ o espera/ para lê-lo a seu bel prazer.
Então/ ledo/ ao recebê-lo/ o homem de Teatro
 O devora / ávido// gulosamente/
Tal qual se fora o bendito /texto/
Uma deliciosa moqueca / de pajuari/
Que ele /no momento/ estivesse/ a degustar/
Esfomeadamente... Ora!

-Então/... Após lê-lo/ relê-lo/ e ruminá-lo/
Por vezes e mais vezes/ Incontáveis!
Decifra-o/ enfim...totalmente:
- Tim tim por tim tim!
E por conta de tanto /encantamento/
Logo se põe...o homem de Teatro/a teatralizá-lo:
- Monta-o e  coreografa-o/mentalmente/
- Imagina-se a interpretá-lo /divinamente/
Após ensaios /sem número/
Para só depois e/ tão-somente/
Ofertá-lo ao encantamento do público /sedento /
Por uma arte teatral...absolutamente/
Esmerada!

-Portanto/ como já se viu...logo após ler o texto/anelado/
O homem de Teatro perde-se /em devaneios e sonhos/
E dá asas à sua rica imaginação que alça voos/ inenarráveis/
D´ora avante /então/até que se materializem esses tantos
Devaneios e sonhos/incontáveis/no homem de Teatro:
-Aguçam-se os seus sentidos /interiores/a esporem-se
-Desnudam-se... em sua cabeça/ por demais criativa/
Fascinantes personagens...a serem vitalizados/
-Bordam-lhe/ à mente/ cenas e mais cenas /inusitadas/
-Idealizam-se cenários /exuberantes/ou singelos/
-Sucedem-se /mentalmente/o porvir dos
Estafantes ensaios /intermináveis/ etc etc...

-Entretanto...vencida essa primeira etapa/logo em seguida/
Ele / o homem de Teatro/se defrontará com a realidade
Nua e crua... com a qual terá que conviver/ queira ou não/
Porquanto/ incontáveis/ serão as dificuldades a enfrentar
Para uma realização de tal monta/ quanto um espetáculo teatral:
-Buscas e buscas/ atrozes/ de patrocínios /minguados/...
De atores e atrizes /de difícil trato/
E de espaços /apropriados/ onde se possa ofertar o espetáculo/
À apreciação do exigente público/ etc etc...

-Mas o homem de Teatro não desiste jamais
Da exaustiva montagem /da sua peça/
Pois  determinado/ insistentemente/ persiste
Em busca da gloriosa /apoteose/ por vir/
Porquanto/ para ele/vamos dizer assim/
Nela/ na apoteose/ se escondem os aplausos/
A grande retribuição /esperada/
A seu difícil/ mas prazeroso/ ofício!.

-Por fim...no ápice apoteótico do espetáculo:
- O público satisfeito/ explode /em calorosos /aplausos/
-Curvam-se gratos /os atores e atrizes/
-Apagam-se os brilhantes /holofotes/
-Cerram-se as pesadas /cortinas/
E o homem de teatro/ sorrateiramente/
Sai /anônimo/ e desaparece /na multidão/...
A transbordar a sensação imensa /de dever cumprido/
Até a próxima apresentação...quiçá/
De um novo texto a ser teatralizado num breve/ porvir!

-Então/ deu pra entender /com clareza/
A relação /imprescindível/que há/
Entre um/ o Teatro/ e outro/ o texto literário?

Montes Claros, 11-11-2012
RELMendes

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