quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O catador de pequi

     (Um bufarinheiro de felicidade)

Assunta só:
Em tempo de safra do maná dourado
   (Pequi...ora!)
Todo cerrado se alvoroça!
Todo o sertão se avexa de alegria
Porque mal o sol esbugalha seus olhos ardentes
   (Até se pôr a pino)
É um corre corre danado!
É uma trabalheira sem fim!
   (mas compensa, uai!)

Num rápido gesto de despertamento,
O sertanejo daqui das “Gerais”logo se põe de pé
   (num salto de guariba!)
E começa a palmilhar curioso
O campo e a manga inteirinhos
Até encontrar o generoso “Pequizeiro”,
Uma das árvores sagrada desse amado sertão!

Então, sob sua sombra alvissareira
  (do alvorecer ao crepúsculo)
É só catar pequi!...
Cata aqui!... Cata ali! Cata até lá acolá!...
Porque pequi bom,
É o que despenca das galhas
E se esparrama no chão...
  (Os frutos pendurados ainda não prestam não!)

E o dia inteirinho é uma correria só:
Agacha!... Cata!... Levanta!... Ensaca!
E corre à beira da estrada, e grita:
Olha o pequi aqui sô!
Olha o pequi sô, amarelim!
Vai pequi graúdo aí, moço?
  (Ora vende bastante, ora ninguém compra nem acena a mão!)
E a labuta se acirra todos os dias até o anoitecer
Durante toda a temporada da bendita safra
Do nosso gostoso pequi,
O saboroso maná dourado do sertão!...

Eita trem gostoso!...
Eita trem bão!

Montes Claros (MG), 19-01-2014
RELMendes
             



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