-Logo após o
crepúsculo
A passos
lentos e suaves
Que acariciavam
a morna areia
Uma bela mulher despida
Caminhava...caminhava...
Displicentemente...nua
Pela vastidão
da orla
Beijada pelo
mar
Prateada pelo
clarão do luar
E
aparentemente deserta
-Mas tão
distraidamente nua
A bela mulher
caminhava
Pela orla
aparentemente deserta
Que nem percebia
sequer
Que o mar...a
noite...e o luar
A espiavam...sorrateiros,
Perdidamente enamorados...
-E portanto se
perderam em muitos
Porquês e em
incontáveis
Tergiversações
enfim:
-O que buscaria
tão displicente
Essa bela
mulher nua?
-Ora!Quem
saberá dizê-lo
Senão ela
mesma?!
-Então face tamanho
encantamento
O crepúsculo
se recolheu aborrecido
A noite
estrelada ainda que indignada
Se impôs
majestosa e invejosa
O luar se
prateou fascinado
E pôs-se a
alumiar-lhe
O colo macio e
atraente
De seus
exuberantes seios.
O que
ensandecera o mar ciumento!
Então ele se
alvoroçou
Em vagalhões
enormes
E a
cascavilhar...
(Em suas
profundezas...)
Ostras perolas
e mais perolas,
Pôs-se a debulhá-las
A fim de tecer
à bela mulher nua
Um precioso
colar de raras perolas
Para seduzi-la...por
inteiro,
Antes que o
luar abusado
O antecedesse
em tal feito.
-Entretanto...
Ofuscar imediatamente
O intenso
brilho do envolvente luar
Tornara-se
para o mar no momento
O seu
incontrolável tormento.
Mas que
despautério!
Quanto tempo
perdido!
Mal sabia o
mar
Que para seduzi-la
Bastar-lhe-ia apenas
Ofertá-la as
brancas espumas
Borbulhantes...com
as quais
De instante em
instante
Ele orvalhava
os delicados pés
Da bela mulher
nua displicente
Que ansiosamente
se punham
A caminho em
busca da liberdade
-Por isso a
bela mulher
Distraidamente
nua
Se enluarou
despudoradamente
E simplesmente
partiu
Sabe-se lá pra
onde,
Sem dar
satisfações a ninguém.
Montes Claros
(MG), 20-10-2015
RELmendes
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