domingo, 14 de outubro de 2012

Talvez a culpa seja do vento...




Em uma preguiçosa e morna tarde de verão,
Quando uma furiosa golfada de vento se lançou inesperada
Contra as vidraças das janelas da minha varanda...
E acordou-me às pressas da costumeira sesta,
(Que neste amado e robusto sertão, jamais dela se há de abrir mão!...)
O violento e inconsequente vento 
Despertou, também, em mim lembranças.

Lembranças...
Cuidadosamente escondidas,
Ou resguardadas por cortinas de ternura
Impregnadas pelo cheiro do incenso
Que a exalar abundante...
Perfumava a capela de um sagrado monastério
Durante a celebração de “Vésperas”...
(Lá nas tardes distantes de minha juventude!)

Oh, louco e inconsequente vento!
Se, sem pudonores,
Desnudaste minhas secretas lembranças,
Também, sem pudonores,
Saciaste meu guloso apetite
De querer novamente
Lambuzar-me de alegria
Ao relembrar-me
De cada um daqueles momentos,
Que ávido, saboreei, um dia!...
         
Montes Claros (MG), 24-01-2012
REL Mendes

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