Em uma preguiçosa e morna
tarde de verão,
Quando uma furiosa golfada
de vento se lançou inesperada
Contra as vidraças das
janelas da minha varanda...
E acordou-me às pressas da
costumeira sesta,
(Que neste amado e robusto sertão, jamais dela se há de abrir mão!...)
O violento e inconsequente
vento
Despertou, também, em mim lembranças.
Lembranças...
Cuidadosamente escondidas,
Ou resguardadas por
cortinas de ternura
Impregnadas pelo cheiro do
incenso
Que a exalar abundante...
Perfumava a capela de um sagrado monastério
Durante a celebração de
“Vésperas”...
(Lá nas tardes distantes de minha juventude!)
Oh, louco e inconsequente
vento!
Se, sem pudonores,
Desnudaste minhas secretas lembranças,
Também, sem pudonores,
Saciaste meu guloso
apetite
De querer novamente
Lambuzar-me de alegria
Ao relembrar-me
De cada um daqueles
momentos,
Que ávido, saboreei, um
dia!...
Montes Claros (MG),
24-01-2012
REL Mendes
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