(Hão de
se ver comigo!)
-Quero porque quero
Meus soldadinhos de chumbo pô!
Ah, se os quero!
-Ah! Por causa deles lancei fora preciosas lágrimas...
Lágrimas extraídas da falsa ou real sensação
De terem relegado, meu sonhozinho, ao léu.
-Chego até a pensar
Que minhas traquinices poéticas
E essa minha louca euforia brincalhona
Tenham suas origens ai
Nesses melindres infantis
Que, em mim, aninham-se n’alma.
-Ora! Ao lembrar-me que os avôs não me deram
Aqueles lindos soldadinhos de chumbo...
Que, na época da infância,
Eram o sonho de toda criança,
Ah! Fico aborrecidíssimo...pô!
E, até melancólico, sô!
É como se os avôs me tivessem destroçado a alma.
(Ah! Gruniram, assim, os avós rabugentos:
Que menino birrento!)
Ora! Mas, a época, quem ousaria contradizê-los?
Portanto, ainda hoje, culpo-lhes de terem me lesado
O direito de eu realizar o meu tão encantador sonhozinho:
Brincar...e brincar muito
Com aqueles lindos soldadinhos de chumbo,
Ora, pois, pois!
-Ora, mas qual o quê!
Não hesitei, então, em dar-lhes o troco!
Como não codifiquei bem o “não sei o quê”
Da bendita justificativa deles (avós),
E já que tinham devassado a minha sedutora ilusão pueril
De brincar e brincar, por horas e horas a fio,
Com aqueles benditos soldadinhos de chumbo,
( por causa dos quais, ainda hoje, planje-me a criança
que em mim se esconde...)
Pus-me então a buscar...ainda que contrariado,
Outros brin-que-di-nhos também lú-di-cos
(talvez não tanto quanto aqueles, ou, quem sabe até mais!)
Pois, assim ansiava o meu coração contrariado
De pirralho birrento...e danadinho...ara!
-Portanto, no intuito de ressarcir-me dos inimagináveis prejuízos,
Reinventei, então, novas pa-ra-fer-ná-lhas lúdicas, tais como:
-Furtar siriguelas nos pomares da vizinhança;
-Olhar por debaixo das saias das meninas e, também,
das velhinhas rabugentas;
-Soltar pipas coloridas e puns fe-di-dís-si-mos...
(perto das visitas...ora!);
-Ouvir música na galena velha do vô, e escondê-la do velhinho;
-Bolinar a cozinheira desprevenida, só pra aborrecê-la;
-Atirar pedras na casa dos visinhos, só pra contrariá-los;
-Jogar peladas nas ruas por horas a fio
-E atirar pedradas ao léu, e, dai por diante...
-Ah! Tentaram roubar de mim os meus sonhozinhos, né?
Pois, então, dei-lhes, também, esse banho ai de peraltices,
E, logo em seguida, evadi-me...lá pro topo da lua!
Montes Claros (MG) 15-04-2024
RELMendes
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