quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ficar a troco de quê?!...



             ( se é PRIMAVERA!!!)



-Ficar a troco de quê...
Se só quem ousa mudar
O percurso do destino...
É quem quiçá tem a chance
De correr o risco de ser feliz?...

-Então... Despir-me-ei da arrogância,
E revestir-me-ei de envolvente ternura...
Só pra correr atrás
Dos meus lindos sonhos...

-Então...
Ao invés de eu querer ensinar,
Dispus-me a ser aprendiz
Da arte do bem conviver...
Só pra correr atrás
De meus ardentes sonhos...

-Então...
Lancei fora o medo de evadir-me...
E desvencilhei-me de tralhas inúteis,
Só pra perseguir
Meus acreditados sonhos...

-Então...sem pestanejar,
Passei mão na cachorrinha,
Em meu filho...um bom companheiro,
E sai...a pés em chão por aí afora,
Em busca de novos amigos,
De uma boa prosa...
De um colo acolhedor,
E de um tão anelado aconchego.

-Então...
Depois de navegar...por anos e anos,
Atraquei meu barquinho...cheinho de sonhos,
Num porto quase encantado...
Porto desvestido de frívolas aparências,
E repleto de abundantes mistérios
Que vão aos poucos se revelando,
No cronos dos já antigos posseiros...
E não, no tempo, dos recém chegados forasteiros...

-E por fim, se...nesse porto imaginário,
Eu e meus companheiros de caminhada...
Pudermos contemplar estrelas reluzentes,  
E se...nele, seu luar prateado nos iluminar contente,
E se...nele, a vida nos permitir viver
Toda sorte de ingênuas estripulias...

-Ah! Aí, então...  Fincaremos lá
Definitivamente, as estacas
De nossa acolhedora tenda!...

Montes Claros(MG), 22-04-2012
RELMendes





terça-feira, 25 de setembro de 2012

Vem sim´bora pra cá! Um apelo insistente...



Ouço...
Frequentemente...
O rugido sôfrego do mar insistente,
Tentando seduzir-me...
Com lamuriosa persistência...

Volta! Vem! Retorna!
Ruge fremente o verde mar distante!...

Sabe,
Ele sussurra... sussurra sem parar...  
Lembranças vagas de momentos corriqueiros,
Que talvez um dia,
Eu os tenha vivido por lá...

-As velas das jangadas já foram içadas
E soçobram livres ao sopro do vento...
-As redes beges, dependuradas na varanda,
Balouçam vazias...
-Os potes de barro cheios do refrescante aluá
Desejam ansiosos se esvaziar...
-Siris, lagostas e caranguejos buliçosos
Esperam apavorados, à hora de serem
Imersos na água fervente, temperada
Com sal, cebola e cheiroso coentro...
-Sucos pra saciar a sede?!...
Ah! Lá tem aos montes:
Maracujá, caju, graviola, siriguela, murici...

Volta! Vem! Retorna!
Ruge fremente o verde mar distante!...

Vem enquanto há vida...
Pra na praia ser vivida!...
Retorna ligeiro, enquanto há tempo,
Para realinhavar, a miúdos pontos,
Elos eternos de referência
Bruscamente rompidos
Pela acintosa fúria do tal destino,
Que obstinado,
Dispôs- se inconsequente
A desfiá-los por inteiro...

Será que o mar descobriu
Que eu sou um colecionador
De corriqueiros momentos de felicidade?!... 

Ah! Sei lá...
Não sei se isso é loucura...
Não sei se isso é apenas ilusão passageira...
Não sei se esses apelos são só elucubrações
Que muito me espantam...

Só sei que travesso,
Escuto a zombar...
O lamento envolvente
Do sedutor mar suplicante:
Volta! Vem! Retorna!
Ruge fremente o verde mar distante!...

Montes Claros, 25-03-2012
RELMendes



                                

domingo, 23 de setembro de 2012

Devaneios Poéticos




Ao tentar poetizar lembranças
Logo me remeti à distante infância
Onde pude ruminar recordações diversas...

Com delicada leveza,
Deslizei cuidadosamente
Por entre aqueles retalhos de vida
Receando ferir-me novamente.    

Remeti-me às verdes pastagens
Lá do distante “Triângulo Mineiro”
Tantas vezes por mim outrora percorridas...
Cheguei até a arranhar
Breves momentos de rara ternura:
 Lembrei-me do cheiroso capim orvalhado
 (molhadinho de sereno à noite evaporado)
A exalar um incontrolável odor de esperança;
Ouvi o chalrear de periquitos irrequietos
Agasalhando-se  nos topos dos coqueiros;
Escutei o palrear de papagaios barulhentos
Ecoando do alto das imponentes macaubeiras
E o grasnar estridente das belas jandaias
(Daquelas terras de lá)
A anunciar o limiar lento do novo dia...         

E dessa noite que findava
Silenciosa e escura,
(Que também lenta se foi esvaindo)
Só me recordo de ter sorvido
A luz fraca do bico aceso da velha lamparina,
(Que mal iluminava o sujo cômodo!)
E a imagem tosca de uma desarrumada alcova
(Que alcoviteira se ofertava generosa)
À espera da eclosão
( quase violenta)
De um roubado ato de amor efêmero...  

Ao despertar desses fascinantes devaneios...
Rompi apressado
Com essas imagens do passado,
E ligeiro pus-me a tecer o futuro
Que embora ainda escondido
Proponho-me a revelar agora:
“Lutar, cantar, amar e calar”... sempre!  

Montes Claros(MG), 14-06-2010
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