(Bochicho
poético entre mim
e a poeta Maria Telles)
-Veja só!
Num suspiro profundo
Desnuda-se a alma da gentil poetiza,
Que logo se expôs abusada
A nos revelar seu oculto desejo
Com um desabafo eloquente:
-Ah! Tenham por certo que
Vou-me embora pra Biribiri!
Nem que por isso pagar
Com lágrimas o preço... tenha,
Vez que meu grande desejo
É só correr atrás de lindos sonhos,
Ainda que possíveis devaneios...
-Por ser muito enxerido...ó gentil poetiza,
Vou dar-te um abusado palpite:
Não se vá pra Biribiri...
Sem antes muito refletir!
A não ser que queiras te arriscar
A sofrer de muitas
Dolorosas ausências...
-Ah! Não há porque duvidar!
Vou me embora pra Biribiri
Pois lá terei poéticas inspirações,
Alimentar-me-ei de sublimes devaneios
E por decerto tecerei muitos versos
A beira de um lindo riacho
De orvalho fresco
-Ora! Por ser eu muito metidiço
Ó gentil poetiza,
Vou dar-te, com eloquente certeza,
Um ousado e sábio alerta:
Não se vá pra Biribiri
Sem antes muito refletir!
-Pois...pra se ir embora pra Biribiri,
Tem-se que se desvencilhar
De um tantão de coisas:
-Do nicho aconchegante,
-Das tralhas amontoadas
Pelos cantos,
-Das noites barulhentas
Que escondem o silêncio
-Dos “ belos dizeres
De tantas vozes carinhosas”,
-Dos vestidos enxovalhados
Que...ao corpo,
Tão bem se ajustam,
-Das ternas lembranças
Que como flores
Foram colhidas
Com o passar do tempo
Pelo caminho...
-Enfim...se pra se partir
Pra Biribiri
De quase tudo
Abrir mão é preciso
Parece-me muito caro
O preço então cobrado...ora!
-Ah! Mas...não há nada no mundo
Que a mim possa deter-me
De ir pra Biribiri... ora!
Vez que a estrada
Que pra lá me conduz
É de pertença só minha
E o desejo de evadir-me pra lá
Tornou-se para mim...mania!
Bom! Se assim é
Pois então que se vá!
Eu entretanto
Ficarei por aqui
Chupando araticum
E roendo pequi
Ansioso a te esperar... ara!
Montes Claros (MG), 08-06-2012
RELMendes
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