Ouço...
Frequentemente...
O rugido
sôfrego do mar insistente,
Tentando
seduzir-me...
Com lamuriosa
persistência...
Volta! Vem!
Retorna!
Ruge fremente
o verde mar distante!...
Sabe,
Ele sussurra...
sussurra sem parar...
Lembranças
vagas de momentos corriqueiros,
Que talvez um
dia,
Eu os tenha vivido
por lá...
-As velas das
jangadas já foram içadas
E soçobram
livres ao sopro do vento...
-As redes
beges, dependuradas na varanda,
Balouçam
vazias...
-Os potes de
barro cheios do refrescante aluá
Desejam ansiosos
se esvaziar...
-Siris,
lagostas e caranguejos buliçosos
Esperam apavorados,
à hora de serem
Imersos na
água fervente, temperada
Com sal,
cebola e cheiroso coentro...
-Sucos pra
saciar a sede?!...
Ah! Lá tem aos
montes:
Maracujá,
caju, graviola, siriguela, murici...
Volta! Vem!
Retorna!
Ruge fremente
o verde mar distante!...
Vem enquanto
há vida...
Pra na praia
ser vivida!...
Retorna
ligeiro, enquanto há tempo,
Para realinhavar,
a miúdos pontos,
Elos eternos
de referência
Bruscamente
rompidos
Pela acintosa
fúria do tal destino,
Que obstinado,
Dispôs- se inconsequente
A desfiá-los
por inteiro...
Será que o mar
descobriu
Que eu sou um
colecionador
De
corriqueiros momentos de felicidade?!...
Ah! Sei lá...
Não sei se isso
é loucura...
Não sei se isso
é apenas ilusão passageira...
Não sei se esses
apelos são só elucubrações
Que muito me
espantam...
Só sei que
travesso,
Escuto a
zombar...
O lamento
envolvente
Do sedutor mar
suplicante:
Volta! Vem!
Retorna!
Ruge fremente
o verde mar distante!...
Montes Claros,
25-03-2012
RELMendes
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