terça-feira, 25 de setembro de 2012

Vem sim´bora pra cá! Um apelo insistente...



Ouço...
Frequentemente...
O rugido sôfrego do mar insistente,
Tentando seduzir-me...
Com lamuriosa persistência...

Volta! Vem! Retorna!
Ruge fremente o verde mar distante!...

Sabe,
Ele sussurra... sussurra sem parar...  
Lembranças vagas de momentos corriqueiros,
Que talvez um dia,
Eu os tenha vivido por lá...

-As velas das jangadas já foram içadas
E soçobram livres ao sopro do vento...
-As redes beges, dependuradas na varanda,
Balouçam vazias...
-Os potes de barro cheios do refrescante aluá
Desejam ansiosos se esvaziar...
-Siris, lagostas e caranguejos buliçosos
Esperam apavorados, à hora de serem
Imersos na água fervente, temperada
Com sal, cebola e cheiroso coentro...
-Sucos pra saciar a sede?!...
Ah! Lá tem aos montes:
Maracujá, caju, graviola, siriguela, murici...

Volta! Vem! Retorna!
Ruge fremente o verde mar distante!...

Vem enquanto há vida...
Pra na praia ser vivida!...
Retorna ligeiro, enquanto há tempo,
Para realinhavar, a miúdos pontos,
Elos eternos de referência
Bruscamente rompidos
Pela acintosa fúria do tal destino,
Que obstinado,
Dispôs- se inconsequente
A desfiá-los por inteiro...

Será que o mar descobriu
Que eu sou um colecionador
De corriqueiros momentos de felicidade?!... 

Ah! Sei lá...
Não sei se isso é loucura...
Não sei se isso é apenas ilusão passageira...
Não sei se esses apelos são só elucubrações
Que muito me espantam...

Só sei que travesso,
Escuto a zombar...
O lamento envolvente
Do sedutor mar suplicante:
Volta! Vem! Retorna!
Ruge fremente o verde mar distante!...

Montes Claros, 25-03-2012
RELMendes



                                

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