Ao tentar
poetizar lembranças
Logo me remeti
à distante infância
Onde pude
ruminar recordações diversas...
Com delicada
leveza,
Deslizei
cuidadosamente
Por entre aqueles
retalhos de vida
Receando
ferir-me novamente.
Remeti-me às
verdes pastagens
Lá do distante
“Triângulo Mineiro”
Tantas vezes
por mim outrora percorridas...
Cheguei até a
arranhar
Breves momentos
de rara ternura:
Lembrei-me do cheiroso capim orvalhado
(molhadinho de sereno à noite evaporado)
A exalar um
incontrolável odor de esperança;
Ouvi o
chalrear de periquitos irrequietos
Agasalhando-se
nos topos dos coqueiros;
Escutei o
palrear de papagaios barulhentos
Ecoando do
alto das imponentes macaubeiras
E o grasnar
estridente das belas jandaias
(Daquelas
terras de lá)
A anunciar o
limiar lento do novo dia...
E dessa noite que
findava
Silenciosa e escura,
(Que também
lenta se foi esvaindo)
Só me recordo
de ter sorvido
A luz fraca do
bico aceso da velha lamparina,
(Que mal
iluminava o sujo cômodo!)
E a imagem tosca
de uma desarrumada alcova
(Que alcoviteira
se ofertava generosa)
À espera da
eclosão
( quase
violenta)
De um roubado
ato de amor efêmero...
Ao despertar
desses fascinantes devaneios...
Rompi
apressado
Com essas
imagens do passado,
E ligeiro
pus-me a tecer o futuro
Que embora
ainda escondido
Proponho-me a
revelar agora:
“Lutar,
cantar, amar e calar”... sempre!
Montes Claros(MG),
14-06-2010
RELMendes
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